Prémio Valmor

Do site da Câmara Municipal de Lisboa tirei toda esta fabulosa informação e fotos sobre o Pémio Valmor. Só os coloquei aqui para se verem mais facilmente, já que no dia em que fomos visitar alguns destes edifícios chovia terrivelmente e além de não vermos quase nada, também não consegui tirar fotos em condições.
a c i l i n a


Instituído há um século, o Prémio Valmor surge na sequência de indicações deixadas no testamento do segundo e último visconde de Valmor, Fausto Queiroz Guedes, diplomata, político, membro do Partido Progressista, par do reino, governador civil de Lisboa e grande apreciador de belas artes.
Falecido em França em 1878, segundo o seu testamento, uma determinada quantia de dinheiro era doada à cidade de Lisboa de modo a criar-se um fundo. Este passaria a constituir um prémio a ser distribuído em partes iguais ao proprietário e ao arquitecto autor do projecto da mais bela casa ou prédio edificado.
Surge assim, com o nome do seu instituidor, o Prémio Valmor de Arquitectura, cuja atribuição era da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa, ficando esta sob fiscalização do Asilo de Mendicidade de Lisboa. A Câmara elaborou então um regulamento segundo o qual seria anualmente nomeado um júri de três membros, todos arquitectos, que avaliariam as várias edificações.
Adaptando-se a mudanças, quer de mentalidade, quer no modo de fazer arquitectura, quer ainda a nível de regulamento, é um dos mais prestigiados prémios de arquitectura em Portugal.
O Prémio Valmor continua a ser sinónimo de uma certa qualidade arquitectónica que reflecte, tanto pelos bons como pelos maus exemplos, os gostos dominantes das diferentes épocas.
Após uma primeira proposta de regulamento apresentada por Duarte Pacheco, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Ministro das Obras Públicas, o Prémio Municipal de Arquitectura viria a ser oficialmente instituído em 1943.
Partilhando muitas semelhanças com o Valmor, durante os anos em que foi atribuído, 1943-1957, o Prémio Municipal de Arquitectura premiaria obras de qualidade muito diversa mas geralmente mais modernas dos que as galardoadas pelo Prémio Valmor.
Apesar de um primeiro regulamento apenas contemplar edifícios de habitação, foi posteriormente alterado, permitindo assim um alargamento a qualquer tipo de edificação.
Este prémio foi recuperado em 1982, estando desde essa altura associado ao Valmor passando a designar-se desde então Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura.
Em 2003 o regulamento foi novamente alterado, passando a incluir um prémio para Arquitectura Paisagista.
A partir de 1997, o Município de Lisboa não atribuiu o prémio Valmor e Municipal de Arquitectura. O actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. Pedro Santana Lopes, regularizou esta situação ao reestruturar o regulamento de tal galardão e ao outorgar, em 2003, o Prémio de 2002, e, no início de 2004, os Prémios de 1997 a 2001.
No que respeita à reformulação do regulamento, o mesmo passou a incluir, pela primeira vez a área de Arquitectura Paisagista, tendo assim este prémio adquirido uma nova dimensão.

1902/1909

O Prémio Valmor de 1902 foi atribuído ao Palácio Lima Mayer (1),







uma construção de 1901, situada na Avenida da Liberdade fazendo esquina para a Rua do Salitre e da qual Adolfo de Lima Mayer era proprietário. O arquitecto foi Nicola Bigaglia (?-1908), italiano radicado em Portugal.
A propriedade incluía, para além do edifício, um extenso jardim, no qual, em 1921, se edificou o Parque Mayer.
Actualmente funcionam no edifício serviços da Embaixada/Consulado de Espanha.
O Prémio de 1903 coube a um edifício, a Casa Ventura Terra (2),








na Rua Alexandre Herculano, 57, do qual Miguel Ventura Terra (1866-1916) foi o arquitecto e proprietário.
Edifício com decoração sóbria, vãos esguios com persianas articuladas de recolha lateral, elementos que o distinguiram dos edifícios da altura. Destaque ainda para o friso superior de azulejos pintados no estilo Arte Nova. Mantém a função original, habitação para rendimento.
Em 1904 o júri decidiu não atribuir o Prémio Valmor, por considerar que «nenhum dos prédios concluídos em Lisboa durante o ano findo reúne o conjunto de condições artísticas essenciais para ser classificado em mérito absoluto», propondo apenas duas Menções Honrosas.
Uma delas, a Casa Lambertini (3),








cujo proprietário Michelangelo Lambertini exprimiu a sua revolta apelando mesmo à Câmara no sentido desta anular a decisão, localiza-se na Avenida da Liberdade, 166-168, tendo por arquitecto Nicola Bigaglia, anteriormente distinguido.
Edifício concebido para cumprir as condições do testamento do Visconde, inspira-se na Renascença Veneziana, o estilo Lombardesco, com uma decoração em mosaicos, executados em Veneza, inspirada na Igreja de S. Marcos.
Actualmente em bom estado de conservação, destina-se a habitação e escritórios.
A segunda Menção Honrosa coube a um edifício de habitação (4),


também na Avenida da Liberdade (262-264), que teve como arquitecto Jorge Pereira Leite e cujo proprietário era António José Gomes Netto.Apesar de ser um edifício premiado, a sua fachada encontra-se degradada. Mantém a função original.

Em 1905 foi premiada a Casa Malhoa,








localizada na Avenida 5 de Outubro, 6-8, edifício que serviu de habitação e também atelier ao pintor José Malhoa, seu proprietário, um projecto do arquitecto Manuel Norte Júnior (1878-1962). Edifício no seu conjunto equilibrado, influenciado pelas linhas Arte Nova, sendo visível nas serralharias dos muros, varanda e portões, e também nas decorações em azulejos nos frisos. A grande janela em ferro, que iluminava o atelier do pintor, é um dos elementos de relevo na composição da fachada onde se insere.

Em 1933 o edifício foi adquirido pelo Dr. Anastácio Gonçalves, que o doou ao Estado, sendo actualmente a Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves.
Em 1906 o prémio coube à Casa Visconde de Valmor








propriedade da Viscondessa de Valmor, localizada na Avenida da República, 38, e com projecto de Miguel Ventura Terra.
Segundo o júri, o imóvel proporciona uma «(...) perspectiva agradável do cruzamento de duas artérias (...)». Realça ainda «(...) a boa e lógica proporção (...)» das suas formas. Edifício elegante e agradável, bem conservado, encontra-se revestido a pedra clara, possuindo também, um frontão central com painel de azulejo, decorado com motivos Arte Nova. Actualmente é a sede do Clube dos Empresários.
Em 1907 foi a vez de uma moradia, a Casa Empis


na Avenida Duque de Loulé, 77, propriedade de Ernesto Empis e arquitectura de António Couto de Abreu (1874-1946). Edificado em estilo Francisco I, inspirado na Renascença Francesa, lembrava o castelo de Blois e a casa de Diana de Poitiers. Foi o primeiro edifício premiado com Valmor a ser demolido, em 1954, ocupando actualmente o seu lugar um edifício de 7 andares.

Em 1908 premiou-se, pela primeira vez, um edifício de rendimentos,

cujo piso térreo era ocupado por estabelecimentos comerciais. Edifício de gaveto, localiza-se na Avenida Almirante Reis, 2-2K, propriedade de Guilherme Augusto Coelho com projecto de Arnaldo R. Adães Bermudes (1864-1948). De destacar a decoração em motivos Arte Nova, com elementos em ferro forjado e painéis de azulejo, e ainda a cúpula que remata o edifício. Actualmente um pouco degradado, mantém a função original.

Houve também uma Menção Honrosa, em 1908, atribuída a um prédio



na Avenida da República, 36, propriedade de Henrique Pereira Barreiros e arquitectura de Manuel Norte Júnior. Foi demolido nos anos 1949-1950, dando lugar a um prédio de habitação com 8 andares e lojas no piso térreo.
No ano de 1909 foram entregues quatro prémios, três dos quais Menções Honrosas.

Nesse ano o Prémio Valmor coube ao Palacete Mendonça,

na Avenida Marquês de Fronteira, 18-28, um projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra para Henrique José Monteiro Mendonça. Edificado no alto do Parque Eduardo VII e um pouco recuado em relação à via pública possui uma fachada simérica e de expressão algo italianizante. O júri destacou ainda a “loggia”, afirmando mesmo que «(...) deveria ser mais amplamente adoptado no nosso pais (...)».
Dos edifícios premiados com Menção Honrosa apenas um deles, um Palacete,

na Rua do Sacramento à Lapa, 34, do arquitecto Arnaldo R. Adães Bermudes e propriedade do Conde de Agrolongo se encontra ainda em bom estado de conservação e destinado a habitação. O edifício

da Rua Tomás Ribeiro com projecto do arquitecto António C. Abreu, propriedade de João António Marques Sena foi demolido em 1954, ocupando agora o seu lugar um edifício de escritórios e o edifício

da Avenida Duque de Loulé, 72-74, da autoria de Adolfo A. Marques da Silva (1876-1939) para Fortunato Jorge Guimarães, teve um destino semelhante. Demolido em 1965 para dar lugar a um edifício com vários andares e lojas.

1910/1919

Em 1910 o Prémio Valmor foi atribuído a um edifício de habitação (14)




sito na Av. Fontes Pereira de Melo, 30. O autor do projecto foi o Arqº Ernesto Korrodi (1870-1944), Suíço naturalizado Português, e o edifício pertencia a António Macieira.Este edifício reflectia um certo gosto provinciano com a sua entrada abrindo para um estreito corredor lateral.
Demolido em 1961 deu lugar ao edifício do Teatro Villaret.
O Prémio Valmor em 1911 também foi atribuído a um edifício de habitação (15).



Este situa-se no nº 25 da Rua Alexandre Herculano. O projecto é da autoria do Arqº Miguel Ventura Terra (1866-1919) e o proprietário era António Tomás Quartim.
Considerado um excelente modelo de arquitectura urbana, este edifício apresentava um nobre estilo, incorporando diversos materiais e demonstrando uma notória influência parisiense.
Actualmente encontra-se em bom estado e funciona aqui uma Conservatória do Registo Civil.
Em 1912 houve um Prémio Valmor e uma Menção Honrosa atribuídos a duas moradias unifamiliares, a Villa Sousa (16),


que se situa na Alameda das Linhas de Torres, 22 e a moradia (17)


situada na Praça Duque de Saldanha, nº 12, respectivamente.
Ambos os projectos pertencem ao Arqº Manuel Norte Júnior (1878-1962) e o proprietário da Villa Sousa era José Carreira de Sousa e da moradia do Saldanha Nuno de Oliveira.
A Villa Sousa possuía um grande jardim e destacava-se pela harmonia e elegância do seu torreão. Actualmente encontra-se arruinada ficando reduzida à fachada e algumas paredes.
A moradia do Saldanha, com três pisos e cantarias de pedra contrasta com as fachadas envidraçadas que envolvem a praça, apresentando-se em bom estado de conservação.
Também o ano de 1913 contempla dois edifícios, o Prémio Valmor atribuído a um edifício de habitação (18)


na Av. da República, 23 cujo proprietário era José dos Santos e arquitectura de Miguel Nogueira Júnior (1883-1953), e uma Menção Honrosa a uma moradia unifamiliar, a Casa Pratt (19)


na Av. António Augusto de Aguiar, nº 3 propriedade de Clementina Pratt e arquitectura de Miguel Ventura Terra.
O edifício vencedor do Prémio Valmor, na Av. da República, ostenta uma forte influência da Arte Nova e Neo-Romântica. Foi recentemente renovado servindo agora como sede a uma Instituição Bancária.
A moradia distinguida com a Menção Honrosa encontra-se bem conservada e é hoje a sede da Ordem dos Arquitectos.
No ano de 1914 o Prémio Valmor também foi atribuído a uma moradia unifamiliar (20)


na Av. Fontes Pereira de Melo, nº 28 pertencente a José Marques e cuja arquitectura se deve ao Arqº Manuel Norte Júnior.
A escolha deste prémio impôs-se pela "originalidade e disposição engenhosa da fachada principal e pela exuberância da decoração".
Bem conservada, funcionam aqui os Serviços Metropolitanos de Lisboa.
Ainda em 1914 foram distinguidas mais três obras com Menções Honrosas, duas delas atribuídas a projectos idealizados por não arquitectos e cujos edifícios já foram demolidos. Referimo-nos a duas habitações unifamiliares, uma
na Rua Pascoal de Melo, nº 5-7 (23) e outra
na Rua Cidade de Liverpool, 16 (22) pertencente a José Simões de Sousa. Os seus autores foram o "condutor de obras públicas" António da Silva Júnior e o "desenhador" Rafael Duarte de Melo, respectivamente.
A terceira Menção Honrosa também foi para uma moradia unifamiliar (21)


situada no Campo Grande, 382 pertencente a Artur Magalhães com Arquitectura de Álvaro Machado (1874-1944).
Nesta escolha o júri considerou que as "duas fachadas de estilização portuguesa recomendam-se".
Actualmente é o Museu Rafael Bordalo Pinheiro.
Em 1915 a distinção com o Prémio Valmor já contempla um edifício em altura (24)


que se situa na Av. da Liberdade, nºs 206-218. O autor do projecto foi o Arqº Manuel Norte Júnior e o edifício pertencia a Domingos da Silva.
Trata-se de um edifício com uma implantação pouco usual com frente para duas ruas paralelas, tendo o júri salientado que a "importante composição e opulência decorativa engrandecem aquela nossa primeira promenade".
Necessitando de limpeza, tem actualmente o piso térreo ocupado por um concessionário de automóveis.
O Prémio Valmor em 1916 foi para o edifício de habitação (25)


na Rua Tomás Ribeiro, nºs 58-60 pertencente a Rita de Matos e Dias com projecto do Arqº Miguel Nogueira Júnior.
É um prédio de rendimento destinado a habitação, com lojas no piso térreo, tendo sido reconhecido mérito à "dificuldade do gaveto" e manifestando-se agrado pelo "feliz remate decorativo".
Hoje o edifício ainda se encontra em bom estado de conservação.
Em 1917 o Prémio Valmor também foi atribuído a um edifício de habitação (26),


composto por cinco pisos, na Rua Viriato, nº 5 que pertencia a António Macieira Júnior e cuja arquitectura se deve a Ernesto Korrodi.
Apesar de o júri ter hesitado, referindo que "parte dos materiais empregados na fachada (...) estão mascarados com argamassa, do qual resulta não se conhecer logicamente a função da parte estrutural da obra", considerou que este seria um "belo edifício (...) quanto à composição da fachada, como (...) da planta (...) com detalhes felizes".
Actualmente apresenta-se em estado muito degradado.
O Prémio Valmor não foi atribuído em 1918. Possivelmente reflexo da instabilidade política-económica e social que marcava a vida do país e se reflectia deste modo na capital.
Em 1919 o Prémio Valmor mais uma vez foi atribuído a uma moradia unifamiliar (27)


situada na Av. Duque de Loulé, nº 47 que pertencia a Alfredo May de Oliveira com projecto do Arqº Álvaro Machado.
Esta moradia possuía três pisos de linhas sóbrias e era uma obra de estrutura essencialmente urbana.
Demolida em 1961 deu lugar a um edifício com sete andares e lojas.

1920/1929

No ano de 1920 o Prémio Valmor não foi atribuído.
A obra galardoada em 1921 com o Prémio Valmor foi o restauro de um Palácio Setecentista (28)

na R. Cova da Moura, nº 1 projectado por Tertuliano Marques (1883-1942) e pertencente a João Ulrich.
Até à data tinha sido o único caso de atribuição do prémio a um restauro, considerado significativo “por se desenvolver dentro de uma arquitectura tradicionalista portuguesa das mais belas”.
Apesar de ainda existir, foi profundamente modificado e acrescentado em 1950 e adaptado para ali funcionar uma dependência do Ministério da Defesa.
Em 1922 o Prémio Valmor também não foi atribuído.
Em 1923 o Prémio Valmor foi atribuído a um edifício de habitação (29)

sito na Av. da República, 49 com projecto da autoria de um dos arquitectos da nova geração, Pardal Monteiro (1897-1957), sendo Luís Rau o seu proprietário.
Resistindo à renovação da Avenida este edifício surge apertado entre dois caixotes que o diminuem.
Com a fachada recentemente pintada de amarelo, funciona ali um externato e as lojas estão ocupadas.
Os anos de 1924 a 1926 foram marcados por uma profunda crise interna da Câmara de Lisboa, o que esteve certamente na origem da não atribuição do Prémio Valmor nesses anos.
Em 1927 o Prémio Valmor foi atribuído à Pensão Tivoli (30)

situada na Av. da Liberdade, nºs 176-180, pertencente a José de Sousa Brás, devendo a sua arquitectura a Manuel Norte Júnior.
Este edifício é marcadamente urbano, tem a frente muito reduzida onde é ocupada toda a profundidade do terreno e completamente abolido qualquer espaço livre.
Esta obra foi alterada logo em 1930. Sendo ampliada a Pensão deu lugar ao Hotel Lis que foi demolido em 1980 à excepção da fachada. Esta esteve amparada por uma cintura de ferro e depois foi integrada no Tivoli Fórum.
O Prémio Valmor de 1928 coube ao Palacete Vale Flor (31)

na Calçada de Stº Amaro, 83-85, projectado pelo Arqº Pardal Monteiro sendo a Sociedade Agrícola Vale Flor sua proprietária.
Era uma habitação isolada de estrutura ainda bastante clássica.
O júri recomendou a moradia com jardim como um “modelo de um género de construções que muito conviria desenvolver nas encostas de Lisboa, para interromper com manchas de verdura a monotonia do casario banal e para multiplicar os terraços de onde se possam desfrutar os incomparáveis panoramas da cidade”. Foi demolido em 1953 para dar lugar a um edifício de habitação.
Em 1929 o Prémio Valmor foi para uma moradia unifamiliar (32)

pertencente a Félix Lopes e cujo projectista foi Pardal Monteiro.
Esta moradia situa-se na Av. 5 de Outubro, nºs 207-215 e utilizava uma linguagem de formas art deco e foi considerado “um belo exemplar da arquitectura moderna, impondo-se pelo equilíbrio das suas proporções, pela harmonia da sua decoração”. Bem conservada, a moradia tem as duas garagens adaptadas a uma repartição pública

1930/1939

O primeiro Prémio Valmor atribuído nesta década, em 1930, coube a uma moradia (33)

na Rua Castilho, 64-66, um projecto do arquitecto Raul Lino da Silva (1879-1974) para Sacadura Cabral, que não viria a ocupá-la, tendo sido vendida nesse mesmo ano a Manuel Duarte. Esta moradia reflectia as preocupações do arquitecto com a temática da «casa portuguesa», sobre a qual se debruçou durante vários anos, traduzidos nas formas arquitectónicas portuguesas tradicionais, com jardim circundante e o uso de elementos característicos como o alpendre, os beirais, as cantarias e o azulejo.
Demolida em 1982, as cantarias, colunas e portões foram posteriormente utilizados na construção do Pátio Alfacinha. Actualmente o espaço é ocupado por um parque de estacionamento
Nesse ano foi também atribuída uma Menção Honrosa a um edifício de habitação (34)

na Avenida da República, 54, com projecto de Porfírio Pardal Monteiro (1879-1957) para Isidoro Sampaio de Oliveira. Edifício de características modernistas, foi demolido em 1962, dando lugar a um edifício de escritórios.
Em 1931 foi premiado um edifício (35)

situado na Rua de Infantaria 16, 92-94, da autoria dos arquitectos Miguel Simões Jacobetty Rosa (1901-1970) e António Maria Veloso dos Reis Camelo (1899-1985) para o pintor Manuel Roque Gameiro. Construção modernista, que não reuniu a unanimidade do júri, sofreu alterações na sua estrutura em 1957, com o acréscimo de dois pisos, que tornaram o edifício premiado irreconhecível.
Entre os anos de 1932 e 1937 nenhum Prémio Valmor foi atribuído. (procurar actas do júri nestes anos)
Após 6 anos sem atribuir nenhum prémio, no ano de 1938 é premiado o primeiro edifício não habitacional, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (36),

situada no cruzamento das avenidas Avenida Marquês de Tomar e Avenida de Berna, um projecto do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro para a Arquiconfraria do Santíssimo Sacramento de S. Julião.
Única igreja modernista de Lisboa e um dos mais interessantes edifícios deste tipo, causou polémica quando inaugurada. Valeu a intervenção do Cardeal Patriarca de Lisboa, que veio a público defendê-la chamando-lhe “igreja moderna bela”.
Construída em betão armado e com uma nave central com arcos ogivais, conta com a participação de vários artistas plásticos, entre os quais Almada Negreiros (vitrais), Francisco Franco (escultura do Apostolado na fachada) e Leopoldo de Almeida (imagens de Nª Sra. De Fátima e S. João Baptista).
No ano de 1939 foi premiada uma moradia (37)

na Avenida Columbano Bordalo Pinheiro, 52, um projecto dos arquitectos Carlos (1887-1971) e Guilherme Rebelo de Andrade (1891-1969) para Bernardo Nunes da Maia.
Construção sóbria e algo pesada, com decoração de inspiração tradicional, é um dos primeiros trabalhos no qual os irmãos Rebelo de Andrade ensaiam o estilo “D. João V”, presente em muitos edifícios por eles projectados depois.

1940/1949

Nesta década conturbada foram atribuídos oito Prémios Valmor. Foi também nesta década que se instituíram os Prémios Municipais de Arquitectura, a partir de 1943 e perdurariam até à década seguinte, tendo-se fundido com o Valmor em 1982.
Em relação aos Prémios Valmor, o primeiro desta década, em 1940, coube ao edifício do Diário de Noticias (38),

situado na Avenida da Liberdade, 266, um projecto do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro para a Empresa Nacional de Publicidade.
Edifício enquadrado na estética modernista, concebido para alojar a administração, a redacção, um hall para o público e também as instalações industriais do jornal, destacam-se na fachada para a avenida elementos características da linguagem moderna como a iluminação fluorescente (no lettering) e no uso de elementos gráficos no edifício. De notar o tratamento da fachada, que contém uma torre facetada encimada por um farol (que se acende à noite) e também o corpo correspondente ao grande hall para o público, no qual se encontram três murais de Almada Negreiros, rasgado pelas grandes montras.
Actualmente destina-se ao uso para o qual foi inicialmente projectado.
Em 1941 a Prémio Valmor não foi atribuída, situação que ocorre novamente em 1948.
Em 1942 foi premiado um edifício de habitação (39)

para rendimento localizado na Rua da Imprensa, 25 com projecto do arquitecto António Maria Veloso dos Reis Camelo para Acácio e Vieira, Lda. Edifício de expressão modernista é interessante pela volumetria das fachadas lateral e posterior. Destina-se ainda a habitação.
O edifício de habitação premiado em 1943 e os edifícios premiados nos anos seguintes são exemplos bastante representativos do chamado estilo “Estado Novo”. Neste período vão premiar-se obras que primem pelo tradicionalismo, não se esperando quaisquer inovações nas obras submetidas a avaliação pelo júri. Assim, a obra premiada neste ano, um edifício de habitação (40)

situado na Avenida Sidónio Pais, 6, com projecto dos arquitectos Raul Rodrigues Lima e Fernando Silva (1914-1983) para António Cardoso Ferreira, cumpre o pretendido.
É também neste ano, 1943, que pela primeira vez é entregue o Prémio Municipal de Arquitectura. Premiou-se nesse ano um edifício de habitação (41)

situado na Avenida António Augusto de Aguiar, 9, com projecto do arquitecto Miguel Simões Jacobetty Rosa, cujo proprietário era Adriano da Costa Carvalho. Actualmente funciona neste edifício a Sociedade Industrial de Exploração de Hotéis Lda.
Pela primeira vez, em 1944, o Prémio Valmor e o Prémio Municipal de Arquitectura distinguem o mesmo edifício. Trata-se de uma moradia (42)

situada na Avenida Pedro Álvares Cabral, 67 cujo autor e proprietário era o arquitecto Luís Ribeiro C. Cristina da Silva (1896-1976). Com uma volumetria densa e pesada e simplicidade decorativa, mantém a função original.
Em 1945 o Prémio Valmor foi atribuído a um edifício de habitação (43)

localizado na Avenida Sidónio Pais, 14, propriedade de Ferreira & Filho, Lda., com projecto de arquitectura de António Maria V. dos Reis Camelo. Construído no estilo “Estado Novo”, tem um aspecto sólido e algo monótono, com uma fachada em duas cores. O torreão de entrada do edifício eleva-se mais um piso que o restante edifício, sendo rematado por pináculos e telhado com grande inclinação. Mantém a função original.
O premiado com o Municipal de Arquitectura deste ano trata-se de um edifício de habitação (44)

situado na Praça Duque de Saldanha, 31, um projecto do arquitecto João Simões (1908-?) para José Alexandre Matos, enquadrado dentro do estilo da época. Mantém a função original.
Em 1946 coube o Prémio Valmor a um edifício de habitação (45)

situado na Avenida Casal Ribeiro, 12, propriedade de Fortunato Cardoso Nunes e Saúl Saragga com projecto do arquitecto Fernando Silva. Ao contrário dos premiados nos anos anteriores, o júri optou por um edifício modernista. Serve o propósito de origem, edifício habitacional com estabelecimento comercial no piso térreo.
O Prémio Municipal de Arquitectura desse ano coube a uma moradia (46)

situada na Rua D. Francisco de Almeida, 9, propriedade de Maud Santos Mendonça e projecto de arquitectura de Carlos João Chambers Ramos (1897-1969). Actualmente funciona aqui a Embaixada da Argélia.
Em 1947 foi premiada, com o Prémio Valmor, uma moradia (47)

situada na Rua S. Francisco Xavier, 8, que o arquitecto Jorge de Almeida Segurado (1898-1990) projectou para si próprio. Construção elegante de um piso e rodeada de jardim, sofreu alterações na sua estrutura em 1960. Actualmente funciona aqui a Embaixada da Tailândia.
O edifício de habitação (48)

premiado com o Prémio Municipal de Arquitectura em 1947 enquadra-se na estética do chamado “Português Suave”, apresentando características da arquitectura residencial do Estado Novo. Situado na Avenida Sidónio Pais, 16, com projecto de arquitectura de Porfírio Pardal Monteiro para Sousa e Campos, Lda. é semelhante a um edifício da mesma rua premiado com Valmor em 1945, mantendo a sua função original.
Em 1949 o Prémio Valmor foi atribuído a um edifício de habitação (49)

com o piso térreo ocupado por estabelecimento comercial, situado na Rua Artilharia Um, 105, um projecto do arquitecto João Simões para a Companhia de Seguros Sagres.
Modelo de referências da arquitectura do Estado Novo, cruzando modelos do século XVIII com a arquitectura tradicional portuguesa. Mantém a função original.
O Prémio Municipal de Arquitectura foi atribuído a um edifício habitacional (50)

situado no Largo de Andaluz, 15, um projecto dos arquitectos José Lima Franco (?-?) e Dário Silva Vieira (?-?) para o promotor Manuel José Vieira. Mantém a função original
Outras visitas